Este curso tem por objetivo ensinar a fotografar, pessoas leigas que nunca tiveram curso ou contato mais técnico de fotografia. Os termos serão mais simples possíveis, utilizando de exemplos do dia a dia e sem aprofundamento técnico. Ou seja, quem estiver esperando algo mais técnico, teórico e avançado, deve procurar outra fonte, porque aqui será o “jardim de infância” no aprendizado de fotografia.

Fotografia  é a captura de imagem. Para isso é essencial que exista luz ou iluminação para obter uma fotografia.

Sem iluminação (no escuro) não há como registrar uma imagem, a não ser que haja iluminação artificial (flash, tochas, lâmpadas) ou um recurso especial (infravermelho). A iluminação ou luz irá influenciar diretamente na fotografia, mas  as câmeras fotográficas possuem recursos/ajustes para melhorar o aproveitamento da iluminação .

Vamos partir do princípio que iremos trabalhar com uma iluminação natural, e a partir daí entender três regras básicas para quem está começando a se aventurar na fotografia.

Existem muitos conceitos e regras, mas vamos nos concentrar em apenas 3 delas:

1)     1) Abertura

2      2)  Velocidade

3)          3) Sensibilidade

 

1)        1) ABERTURA.

Abertura é a quantidade de luz que um dispositivo chamado diafragma permite entrar através das lentes da câmera fotográfica. Este dispositivo é mecânico e ajustável, permitindo entrar mais ou menos luz. O termo “luz” que estou utilizando, é a exposição que permite “gravar” a imagem na fotografia.


Imagine o olho humano, existe a pupila que aumenta ou diminui o tamanho de acordo com a luz ambiente. Na praia com aquele sol forte, ele se fecha ao máximo, chegando até incomodar os olhos. Já de noite, com pouca iluminação a pupila se abre mais. Nosso cérebro ajusta a abertura da pupila de acordo com a situação de iluminação, justamente para compensar a quantidade de iluminação de forma aceitável. Então imagine se na praia com o sol forte, naquela areia branca, a pupila não se fechasse. Tudo ficaria branco, até podendo causar sérios danos aos olhos. A  noite aconteceria o contrário caso a pupila não se abrisse, tudo ficaria escuro. É justamente isso que o diafragma da câmera fotográfica realiza, abrindo ou fechando para compensar o excesso ou falta de luz.



Nas  máquinas fotográficas modernas este ajuste é realizado automaticamente quando estiver no modo “A” (automático), mas isso limita sua capacidade de tirar uma boa foto. O modo “M” (manual) apesar de mais complicado permite melhor controle na captura de imagem.

Em resumo, quanto mais aberto estiver o diafragma, mais luz entra,  tornando as fotos mais claras.  Fechando o diafragma teremos menos luz, que irá escurecer as fotos.

A abertura do diafragma é visualizada por uma escala (como se fosse uma régua) numérica, que é padrão, diferenciada de acordo como o tipo de lente que estiver sendo utilizado, conhecida como “f” ou f-stop.

 

Escala “f”:

 

(menor abertura/maior nº) 16 – 11 – 8 – 5.6 – 4 – 2.8 – 2 (maior abertura/menor nº)


Quando abrimos o diafragma (menor número), a cada escala dobra a quantidade de luz. Fechando o diafragma (maior número), cada escala corresponde a reduzir a luz pela metade.



Por isso se a regulagem do diafragma de sua câmera estiver em  f-4, e vocês passarem para f-2.8, estará dobrando a quantidade de luz para cada escala que forem ajustando, cujo excesso resultará em uma foto superexposta.

Exemplo:

f-4    =  0 (ponto de referencia)

f-2.8 =  2x

f-2    =  4x

f-1.4 =  8x

 

No caso contrário, quando fechamos o diafragma teremos menos quantidade de luz, onde o excesso resultará e uma foto subexposta.

f- 4    = 0 (ponto de referencia)

f-5.6  = -50%

f-8     = -75%

f-11   = -87,5%

 

 

Porque o modo “A” (automático) não é o ideal?

O ajuste automático  é realizado através da medição de vários fatores que são analisados pelo software da câmera fotográfica, sendo um destes fatores a quantidade de luz do ambiente. Existem situações em que a câmera fotográfica analisa a luz ambiente de forma errada. Isso significa que mesmo no modo automático existe a possibilidade de erro, mas o número de acertos normalmente é maior. A possibilidade de erro pode ser amenizada se forem tomados cuidados em relação a como for tirar uma foto, mas isso já é assunto mais pra frente.

               Exemplos de erros: contra luz, fundos brancos, objetos cintilantes, etc.

 

Podemos afirmar que a quantidade de luz que o diafragma permite entrar ou não irá deixar as fotos mais claras ou escuras. Se você já tirou uma foto e ela ficou muito escura, significa que a quantidade de luz que o diafragma deixou entrar não era o suficiente em relação a iluminação existente.

                Todas as três regras que iremos discutir, possuem efeitos “colaterais”, que iremos analisar após explicar cada uma delas e iniciarmos a parte da integração das três regras (abertura, velocidade e sensibilidade), que são combinadas para obter um melhor resultado.

 

1)        2) VELOCIDADE.

 

 

A velocidade com que a luz “entra” pela lente da câmera fotográfica, também determina a quantidade de luz. O dispositivo que permite este ajuste é conhecido como obturador e é um componente mecânico que pode abrir e fechar em velocidades diferentes. 

Obturador de laminas (comuns em câmeras compactas)


  Obturador tipo cortina, usado em câmeras profissionais.

O obturador fica sempre fechado para não permitir entrar a luz, e ao ser disparado ele irá abrir e fechar na velocidade determinada.

Alguns obturadores são conjugados com o diafragma de abertura, como no caso do obturador de laminas, que abre e fecha  na velocidade e abertura escolhida.

Para exemplificar a função do obturador, vamos voltar ao olho humano. Se você fechar os olhos e pedir que alguém coloque uma gravura a sua frente, e num movimento rápido você abrir e fechar os olhos, a imagem da gravura aparecerá no cérebro, só que sem muitos detalhes, apenas a interpretação mais significativa da gravura (paisagem, objeto, pessoas), mas informações como cores, detalhes, elementos de fundo, não serão percebidos de forma correta.  Agora, se você abrir e fechar os olhos em um intervalo de tempo maior (5 seg.) a imagem que aparecerá no cérebro terá mais detalhes e ficará mais nítido.

Este processo também ocorre com a fotografia, quanto maior a velocidade do obturador, menos luz irá entrar pela lente e tornará as fotos mais escuras. Já ao contrário, com a velocidade mais lenta do obturador entrará mais luz e as fotos ficarão mais claras.

A velocidade do obturador também é conhecido por tempo de exposição e é normalmente dado no formato 1 / x, em que X representa uma fracção de tempo em segundos. Os valores comuns são:

·         1/8000 s

·         1/4000 s

·         1/2000 s

·         1/1000 s

·         1/500 s

·         1/250 s

·         1/125 s

·         1/60 s

·         1/30 s

·         1/15 s

·         1/8 s

·         1/4 s

·         1/2 s

·         1 s

·         B (de bulb) — Que mantém o obturador aberto enquanto o botão disparador estiver pressionado.

 

Como estamos falando de tempo, a unidade de medida da velocidade do obturador é o segundo (s), indo das frações de segundo até às longas exposições de minutos e até horas, por exemplo: 1/100s (1 segundo dividido por 100),1/2000s (1 segundo por 2000), 1s (1 segundo). 

Podemos perceber que a velocidade do obturador é muito rápida, considerando que 1 segundo é um tempo muito lento para fotografia. Para se ter uma ideia, 1/60 s é o tempo mais lento  que você pode utilizar para que a foto não saia “tremida” com a câmera na mão em uma iluminação natural de dia. Velocidades mais lentas, necessitarão do uso do tripé.

O tempo de exposição também afetam outros resultados além da quantidade de luz, e isso veremos após a explicação da sensibilidade.

 

     3 ) 

SENSIBILIDADE.

 Também conhecida como velocidade ISO ou simplesmente ISO (sigla de International Standards Organization), é a medida que indica a sensibilidade à luz do ambiente, ou seja, quanto maior o número ISO, maior a sensibilidade à luz, e quanto menor o número ISO, menor sensibilidade.

A cada vez que o ISO é aumentado, a sensibilidade à luz dobra, fazendo a seguinte escala: 100, 200, 400, 800, 1600, 3200... Isso significa duas vezes mais sensível à luz a cada escala, e a foto ficará mais clara. A escala mais comum vai de 100 a 3200, mas algumas câmeras possuem o valor do ISO até 102400.

Para exemplificar, imaginem um ambiente fechado (sala) iluminado por uma lâmpada de 20 watts, com certeza o ambiente não estaria bem iluminado e você não conseguiria ver direito. Agora se trocássemos a lâmpada por uma de 40 watts, a iluminação iria aumentar e melhorar sua visão. A medida que fossemos dobrando a potencia da lâmpada 80, 160, 320 watts, a iluminação ambiente iria aumentar ao ponto de poder enxergar com perfeição dentro da sala.

Esse aumento da capacidade de iluminação seria como aumentar a sensibilidade no momento que for fotografar. Lembrando que a sala do exemplo, sem a lâmpada seria escura de origem.

 



COMBINANDO ABERTURA/VELOCIDADE/SENSIBILIDADE.

Agora que conhecemos as três regras básicas da fotografia, vamos entender o que elas fazem sozinhas e combinadas.

A princípio você poderia pensar, se as três ajustam a quantidade de luz na fotografia, porque não escolher somente uma e utilizá-la? Porque cada uma possui características diferentes, além de determinar a quantidade de luz.

Vejamos:

a)      Abertura = profundidade de campo

b)      Velocidade = movimento

c)       Sensibilidade = granulação da imagem

 

 

ABERTURA X PROFUNDIDADE DE CAMPO

A abertura do diafragma influencia na profundidade de campo de uma foto, de acordo com a abertura escolhida. Quanto maior a abertura, menor profundidade de campo. Menor abertura maior profundidade de campo.

Mas afinal de contas, o que é este tal de profundidade de campo?

Vamos considerar um ponto de referência. Digamos que o assunto principal da foto esteja a uma distância de 5 metros. A profundidade de campo seria um espaço a frente e atrás do objeto principal que ficaria nítido (focado) na foto. Vamos supor que a minha profundidade de campo seria de 2 metros atrás do ponto de referência e 1 metro a frente. Tudo que estivesse dentro deste espaço de 3 metros ficaria nítido ou focado. Fora deste espaço, qualquer objeto/pessoa ficaria fora de foco ou sem nitidez (borrado). A este espaço ou zona que ficará nítido chamamos de profundidade de campo e está diretamente associada a abertura do diafragma. Se utilizarmos uma abertura menor a profundidade de campo será maior e aberturas maiores terão profundidade de campo menor. 

 



A distância do objeto a ser fotografado também influenciará na profundidade de campo, quanto maior distância do objeto  a ser fotografado este campo será maior, e quanto mais próximo o campo será menor.

No caso da distância do objeto, a explicação está no fato da porcentagem que determina a zona que ficará nítido em relação a sua distância entre a câmera e o objeto a ser fotografado.

Exemplo:

Se nesta zona de profundidade de campo for determinado que 20% da distância atrás do objeto e 10% a frente estarão nítidos,  o objeto estando a 10 metros de distância, teremos 2 metros atrás e 1 metro a frente de campo de imagem nítida.

Se o objeto estiver a um metro de distância, com base no exemplo acima, teremos 20 cm atrás e 10 cm a frente. Veja que a profundidade de campo será de 30 cm, sendo que no exemplo acima era de 3 mts.

O tipo de objetiva também influência na profundidade de campo. Objetivas (lentes) que aproximam a imagem (tele ou macro) tem menor profundidade de campo. Já as objetivas que “distanciam” a imagem (grande angular) tem maior profundidade de campo.

A profundidade de campo, irá ser determinada então, pela distância do objeto, abertura do diafragma e tipo de objetiva (lente) utilizada.

 



Por isso, não tem como você pensar somente em aumentar ou diminuir a quantidade de luz (exposição), ajustando a abertura do diafragma sem se preocupar com a profundidade de campo. Para isso utilizamos da velocidade do obturador e/ou da sensibilidade para obter um resultado satisfatório compensando as limitações de cada caso.

 

 

 

VELOCIDADE X MOVIMENTO

 

Como vimos  a velocidade do obturador também regula a quantidade de luz . Mas, também determina a captura de objetos em movimento. Enquanto o obturador estiver aberto, todo movimento será capturado. Mas, ao contrário do olho humano que consegue acompanhar os movimentos de forma dinâmica como uma filmadora, a câmera fotográfica captura as imagens em movimento como se fossem vários carimbos sobrepostos. Por isso se a velocidade do obturador for lenta e ficar aberto por muito tempo, teremos um borrão indicando o movimento do objeto. Caso o motivo da fotografia seja parada (estática), somente a quantidade de luz (mais claro ou escuro) será alterado de acordo com a velocidade.

Se utilizarmos uma velocidade maior (rápida), poderemos congelar uma imagem em movimento, porém teremos menos luz (exposição).

 

O conceito de velocidade na fotografia é a de determinar o “movimento” capturado em uma foto. A foto em regra geral é uma imagem estática, parada, onde há a “pose” para aparecer na imagem de forma que no momento da captura o objeto esteja sem movimento. Mas, com o ajuste de velocidades diferentes, poderemos realizar mais do que simplesmente aumentar ou diminuir a quantidade de luz, mas também capturar movimentos ou simplesmente congela-lo.

 

SENSIBILIDADE X GRANULAÇÃO.

A sensibilidade ou ISO, define o quanto uma imagem pode ser exposta para que se forme a imagem. Dependendo das condições de iluminação a exposição pode ser mais rápida ou lenta, mas se definir  uma única situação de iluminação, a exposição será definida pela abertura do diafragma ou velocidade do obturador. Porém muitas vezes estes dois ajustes (velocidade/abertura) não são suficientes para obter uma fotografia, pois como vimos, cada uma delas tem suas limitações (profundidade de campo/movimento).

Vamos exemplificar, imaginando uma foto noturna. As condições de iluminação são mínimas, e se utilizarmos a abertura máxima do diafragma, além de muitas vezes não ser suficiente teremos o problema da profundidade de campo, deixando boa parte da foto sem foco. Se combinarmos com a redução da velocidade do obturador, teremos um ganho considerável na exposição (luz), mas se não utilizarmos um tripé, as fotos sairão tremidas ou mesmo com o tripé qualquer elemento que se mova dentro do campo a ser fotografado, sairá borrado.

É ai, que entra a sensibilidade (ISO). Se aumentarmos o ISO em 2x, 3x, 4x, está será a proporção que outros ajustes de abertura e velocidade poderão ser compensados. Porque a quantidade de vezes que ela for sensibilizada, irá necessitar de menos iluminação.

Vamos considerar a seguinte situação: em uma foto noturna com o ISO 200, abertura do diafragma no máximo (1.4) e velocidade reduzida em ¼ seg., a imagem ainda continue escura. Dobrando a sensibilidade para ISO 400 conseguirmos obter uma imagem boa, significa que se dobrar novamente para o ISO 800, nos permite diminuir a abertura aumentando a profundidade de campo, ou aumentar a velocidade para diminuir efeitos de movimento.

A combinação destes três ajustes parecem ser finalmente a perfeição para se obter boas fotos, mas infelizmente a sensibilidade também tem um efeito colateral. Quanto maior a sensibilidade, mais as fotos ficarão granuladas (fotos com diversos pontinhos como se fossem texturas de areias). Ou seja, as fotos irão perder sua nitidez (imagem lisa).
 

Antigamente, quando ainda era utilizado filme, os filmes de sensibilidade alta eram conhecidos como filmes rápidos que eram indicados para fotografar movimento. Os filmes com menor sensibilidade eram filmes lentos, pois eram indicados para fotografar objetos sem movimento.

Se os filmes de maior sensibilidade eram granulados, o de menor velocidade eram mais nítidos, por isso eram muito utilizados em fotos para catálogo e publicidade.

Agora você vai pensar que não tem mais jeito de obter fotos boas, porque chegamos no limite das combinações entre sensibilidade, abertura e velocidade. Realmente você está certo, mas esta limitação está nas condições de iluminação e da câmera fotográfica que você tiver. Entretanto, a fotografia não se limita apenas a isso, temos como melhorar a iluminação através de fontes de luz alternativos (flashes, tochas, lâmpadas, refletores), objetivas/lentes mais “claras” e câmeras com mais recursos. Por isso não desanime, mas primeiro você precisa dominar estas três regras para querer ir para outro estágio.?yola-link-is-coming=true